Convém recordar que a derrota na votação da renovação da CPMF no Senado
enterrou o projeto do terceiro mandato, pois ali ficou claro que se passasse
pelos deputados, pelos senadores não passaria. Portanto, aquela não foi uma
derrota qualquer.
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Dilma cumprirá a promessa ou cederá a Lula? |
Daquela vez não deu certo
Desta vez pode ser que dê, exatamente porque a correlação de forças
está ainda mais favorável ao governo e há Lula solto para poder articular.
Pois Lula quer
Demanda de aluguel
05 de novembro de 2010
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101105/not_imp634938,0.php
O tema não foi tocado nem de leve
em toda a campanha eleitoral. Aliás, tirando o presidente Luiz Inácio da Silva,
nunca mais, desde dezembro de 2007, se ouviu ninguém alimentar nostalgia pelo
imposto do cheque.
Nem os governadores falaram mais
no assunto e isso inclui os agora reeleitos, os eleitos e os que eram senadores
à época da derrubada da CPMF e muito contribuíram para o resultado de uma
votação que até hoje deixa o presidente Lula inconformado.
A tal ponto que ele foi "caçar"
um a um os senadores oposicionistas nessa eleição, dedicando-se com empenho
pessoal e especial a lhes impor derrotas. Saiu-se bem em alguns casos, em
outros fracassou.
Convém recordar que a derrota na
votação da renovação da CPMF no Senado enterrou o projeto do terceiro mandato,
pois ali ficou claro que se passasse pelos deputados, pelos senadores não
passaria. Portanto, aquela não foi uma derrota qualquer.
Foi uma derrota política
surpreendente e definitiva.
A história contada pela
presidente eleita de que não poderá se furtar a uma discussão levantada pelos
governadores parece conto da Carochinha. De uma hora para outra, sem mais nem
menos, os governadores - note-se, de partidos aliados ao governo - resolveram
considerar a volta da CPMF uma urgência urgentíssima?
Um desses governadores, Renato
Casagrande, do Espírito Santo, foi um dos mais combativos senadores na
derrubada do imposto há três anos.
Dilma, quando candidata, negou
intenção de recuperar o imposto. Compreende-se, dada a impopularidade do tema.
Então, nem bem é eleita Lula a
chama com urgência ao Planalto - tanta que ela já estava com as malas no carro
para sair em viagem - para uma entrevista coletiva em que o assunto de maior
destaque é justamente a demanda dos governadores do PT e do PSB.
Não é necessário exercício muito
elaborado de observação e dedução para perceber de quem é a ideia de pôr a CPMF
de volta na agenda e tentar uma revanche logo no início do mandato para
aproveitar a boa vontade geral com a presidente que entra e testar a força do
novo Congresso de maioria governista folgada.
Seria uma bela vitória para a
estreante nas lides político-palacianas. Os governadores, até de partidos de
oposição, não teriam constrangimento algum em aderir, como de resto os
politicamente fiéis não estão encontrando dificuldades para aparecer na cena
como autores do plano.
Com a ampla maioria agora também
no Senado, em tese não seria impossível pensar que o imposto do cheque passasse
pelo Congresso.
Enfrentaria, no entanto,
obstáculos difíceis de serem transpostos, exatamente por causa da amplitude,
heterogeneidade e voracidade da "base". Dilma Rousseff precisaria
administrar um problema de altíssima monta logo na estreia.
Sozinha ainda não reúne
experiência para tal. Com o antecessor manejando os cordéis? Não combina com a
promessa de Lula de cumprir uma quarentena.
Há também aquele outro problema
chamado opinião pública. Em 2007 houve uma mobilização forte que inicialmente
não foi dos partidos, DEM e PSDB.
Eles embarcaram na onda da
campanha deflagrada pelo setor produtivo e conseguiram capitalizar a
insatisfação da sociedade somada a contrariedades na base parlamentar
governista e à displicência da articulação política.
No ano seguinte o governo tentou
retomar o assunto mudando o imposto de nome e, depois, no ano passado, fez um
novo ensaio. Não deu certo.
Desta vez pode ser que dê,
exatamente porque a correlação de forças está ainda mais favorável ao governo e
há Lula solto para poder articular.
Seria, porém, o caso de se fazer
a conta se para a presidente Dilma seria um bom negócio comprar uma briga desse
tamanho com a opinião pública e o empresariado logo aos primeiros acordes da
sua sinfonia.
A conferir. O tempo dirá: Lula
afirma que não vai interferir no governo de Dilma, que reza pela cartilha do
"rei morto, rei posto", que vai se recolher deixando a cena ao
comando exclusivo da presidente e que só dará palpite quando solicitado.
Isso se nada do que ela fizer
contrariar os planos dele.
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Quando eles querem...fazem de tudo para ter.
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