Hino Nacional Brasileiro
Jorge Roriz - URL:
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SÃO PAULO - Num momento em que o
governo do presidente Lula se dedica a investidas quase diárias contra a liberdade
de informação e de expressão e critica a imprensa por divulgar notícias sobre
irregularidades na Casa Civil, um grupo de personalidades de diferentes setores
- entre eles juristas, intelectuais e artistas - decidiu lançar um “Manifesto
em Defesa da Democracia”, cuja meta é “brecar a marcha para o autoritarismo”.
O ato público será realizado hoje,
22, ao meio dia, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo.
Entre seus signatários estão o
jurista Hélio Bicudo, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos
Velloso, os cientistas políticos Leôncio Martins Rodrigues, José Arthur
Gianotti, José Álvaro Moisés e Lourdes Sola,o poeta Ferreira Gullar, d. Paulo
Evaristo Arns, os historiadores Marco Antonio Villa e Bóris Fausto, o
embaixador Celso Lafer, os atores Carlos Vereza e Mauro Mendonça e a atriz
Rosamaria Murtinho.
“Em uma democracia, nenhum dos
poderes é soberano”, diz o manifesto em sua abertura. Nos seus 14 parágrafos,
ele aponta desvios e abusos do governo federal. “Hoje, no Brasil”, diz o texto,
“os inconformados com a democracia representativa se organizam para solapar o
regime democrático.” Mais adiante, considera “inconcebível” que “uma das mais
importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo
hipócrita”.
‘Ameaça concreta’. O historiador
Marco Antônio Villa, da Universidade Federal de São Carlos e um dos signatários
do manifesto, decidiu aderir porque vê nos recentes atos do governo “uma ameaça
concreta” à democracia no País. “É uma preocupação geral com o que está
ocorrendo no País, e hoje (ontem) o Lula mais uma vez reforçou”, disse, em
referência às críticas do presidente à imprensa, feitas em viagem ao Tocantins.
“O manifesto é uma síntese dessas preocupações.”
Caso um eventual governo Dilma
consiga eleger três quintos do Congresso, advertiu, “eles conseguirão fazer
mudanças constitucionais a seu bel-prazer. E se você tiver uma parte da
legislatura formada por ‘Tiriricas’, corremos sério risco. Nada melhor para um
Executivo autoritário do que um Legislativo desmoralizado”. Para Villa, “é
preciso de um grito de alerta”. Ele acredita que “há muitas pessoas que
comungam dessa preocupação” e que o manifesto funcionará como forma de
agregá-las. “Não se pode achar que ataques, ameaças e agressão fazem parte da
política”, diz.
O cientista político Leôncio
Martins Rodrigues, que também subscreveu o documento, avalia que as ameaças à
democracia têm origem na postura do presidente, opinião também manifestada por
José Arthur Gianotti. “Lula não pode misturar as funções de homem de Estado e
líder partidário. Ele também é meu presidente, independentemente do meu
partido”, afirma Gianotti.
Leia abaixo o texto do manifesto:
"SE LIGA BRASIL"
MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA
Em uma democracia, nenhum dos
Poderes é soberano.
‘Soberana é a Constituição, pois
é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.”
Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime
democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa
se organizam no governo para solapar o regime democrático.
É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um
partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos
individuais.
É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da
administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de
produção de dossiês contra adversários políticos.
É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo
que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não
escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a
qualquer controle.
É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada
por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não
se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade.
É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu
cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não
há "depois do expediente" para um Chefe de Estado. É constrangedor
também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de
partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem
inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada
de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma
candidatura. Ele não vê no "outro" um adversário que deve ser vencido
segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado.
É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que
pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos
autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às
determinações de um partido político e de seus interesses.
É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido
mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de
brasileiros e brasileiros que construíram as bases da estabilidade econômica e
política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da
telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo
.
É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera
extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um
escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se
submeter às decisões do Poder Judiciário.
Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político,
que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe
conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme
mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje
usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o
autoritarismo.
Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições
e da legalidade.
Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas
convictos.
manifestoemdefesadademocracia@gmail.com
Não podemos deixar que um presidente determine em quem o eleitorado deverá votar.
Acorda Brasil! O ... veste VERMELHO
Vamos vestir VERDE!
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