E temendo a Corte, José Dirceu pede que a população jovem se
manifeste nas ruas para pressionar o STF.
Entendi...
não, não entendi.
O que Dirceu quer mostrar é que os ministros podem ser
pressionados, podem ser manipulados?
Ora – fico eu aqui pensando – se podem ser pressionados em um caso
tão estrondoso, podem também atender a um “pequeno” pedido do PT, num processo
de Embargos de Terceiros... podem?
Porque meu advogado não entrou com Embargos
Declaratórios e sim com Embargos Infringentes, o ministro Barbosa, do STF, e
seus pares não chegaram a ler o conteúdo do recurso e deram ganho ao Município
de Porto Alegre, apesar de toda a ilegalidade da transação comercial do PT. O
STF já fez tantos julgamentos contrários à Constituição, que passar por cima
das Súmulas 282 e 356 - pois o processo
inteiro prequestionou o art. 5º,
XXXVI da Constituição Federal - não é
mais grave que o caso Cesare Battisti. O
processo também poderia ser devolvido para a correção na forma do pedido. Por
que não?
Saiba mais clicando os links abaixo do texto
do Estadão.
Um ato de
desespero
A partir de 1.º de agosto, o ex-presidente do PT, ex-ministro da
Casa Civil e deputado cassado José Dirceu será julgado pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) por formação de quadrilha e corrupção ativa. Pelo primeiro
delito, poderá ser condenado a até três anos de prisão. Pelo segundo, a até 12.
O então procurador-geral da República que o denunciou ao Supremo em 2005,
Antonio Fernando de Souza, apontou Dirceu como "chefe da quadrilha"
ou da "sofisticada organização criminosa" que produziu o mensalão, a
compra sistemática de apoio de deputados federais ao governo Lula. A denúncia
ao STF foi aceita por unanimidade. No ano passado, o atual procurador, Roberto
Gurgel, ratificou o pedido de condenação de Dirceu e de 35 outros réus (dos 40
citados da primeira vez, 1 faleceu e outro fez acordo para ser excluído do
processo; para 2 outros, um dos quais, Luiz Gushiken, colega de Dirceu no
Ministério, Gurgel pediu a absolvição.
Dirceu alega inocência e se diz alvo histórico do "monopólio
da mídia". A imprensa desejaria vê-lo destruído não pelos seus atos no
governo Lula, mas pelo que decerto ele considera ser o conjunto da sua obra
como o maior líder revolucionário socialista do Brasil contemporâneo, uma
espécie atípica de Che Guevara que não fez guerrilha, escapou de ser eliminado
e chegou ao poder graças à democracia burguesa. O julgamento que o aguarda,
disse dias atrás aos cerca de mil estudantes presentes ao 16.º Congresso
Nacional da União da Juventude Socialista, ligada ao PC do B, no Rio, será a
"batalha final". Desde os tempos da militância estudantil, ele sempre
se teve em alta conta. "Batalha final" é não só uma expressão
encharcada de heroísmo, que pode ser usada da extrema direita à extrema
esquerda, mas é consanguínea da "luta final" dos "famélicos da
terra", nas estrofes da Internacional, o célebre hino revolucionário
francês de 1871.
Do alto de sua autoestima e na vestimenta de vítima que enverga,
até que faria sentido ele propagar que o julgamento no STF representará o
momento culminante do confronto de proporções épicas que nunca se furtou a
travar em defesa de seus ideais. Mas a arena que ele tem em mente é outra - e
outros também os combatentes. "Essa batalha deve ser travada nas ruas
também", conclamou, "se não a gente só vai ouvir uma voz pedindo a
condenação, mesmo sem provas (a dos veículos de comunicação)." Em outras
palavras, se a Justiça está sob pressão da mídia para condená-lo, que fique
também sob pressão do que seria a vanguarda dos movimentos sociais para
absolvê-lo. Se der certo, a voz do povo falou mais alto. Se não der, o
veredicto da Corte está desde logo coberto de ilegitimidade, como se emanasse
de um tribunal de exceção.
Em 2000, dois anos antes da primeira eleição de Lula, Dirceu
conclamou o professorado paulista a "mais e mais mobilização, mais e mais
greve, mais e mais movimento de rua", porque eles - os tucanos como o
governador Mário Covas - "têm de apanhar nas ruas e nas urnas". Pouco
depois, no dia 1.º de junho, o governador, já debilitado pelo câncer que o
mataria no ano seguinte, foi covardemente agredido por manifestantes diante da
Secretaria da Educação, no centro de São Paulo. Depois, Dirceu quis fazer crer
que não incentivara o ataque: foi tudo "força de expressão". Não há,
portanto, motivo para surpresa quando ele torna a invocar "as ruas".
Na sua mentalidade ditatorial - em privado, desafetos petistas já o
qualificaram de "stalinista irrecuperável" -, ele se esquece até do dito
marxista de que a história se repete como farsa.
Como já se lembrou, o então presidente Collor conclamou a
população a protestar contra a tentativa de destituí-lo. A população,
especialmente os jovens, aproveitou para pedir o seu impeachment. Como também
já se lembrou, hoje em dia os jovens nem sequer saem de casa em defesa de
bandeiras mais nobres, a começar pelo repúdio à impunidade dos corruptos, que
dirá para assediar o STF no caso do principal réu de um caso de corrupção
comparável apenas, talvez, aos dos escândalos da República de Alagoas. Mas é
óbvio que a tentativa rudimentar de intimidação repercutirá no tribunal. Se
Dirceu não se deu conta disso é porque, como Lula já disse, ele está mesmo
"desesperado".
Fonte:
Entenda o caso:
Slides
LINK
da ação
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Você poderá deixar aqui sua opinião. Após moderação, será publicada.