O besteirol não tem limites. Num dos posts abaixo, comento as cretinices do que chamei “afirmações identitárias”. Nelson Jobim teria dito a uma revista, o que ele nega, que a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) “é fraquinha” e que Gleisi Hoffmann “mal conhece Brasília”. Muito bem! Num post das 15h52 de ontem, especulei que o chamariam até de “machista”. Bingo!
A senadora Ângela Portela (PT-RR), presidente da Subcomissão Permanente em Defesa da Mulher do Senado, e a deputada Janete Rocha Pietá (PT-SP), coordenadora da bancada feminina na Câmara, divulgaram nesta sexta uma nota, acreditem!, de repúdio à declaração atribuída a Jobim. Mas atenção! Elas não estão protestando porque acham que Ideli é competentíssima e que Gleisi conhece Brasília como a palma da mão.
Nada disso!
Elas não contestaram a avaliação de Jobim. As duas petistas resolveram especular sobre as motivações subjetivas que teriam levado o então ministro a supostamente dizer o que disse, entenderam? Como Ideli e Gleisi são mulheres, então Jobim teria feito, segundo elas, um ataque “machista e preconceituoso”, e as palavras a ele atribuídas “demonstram uma profunda violência a todas as mulheres”. Jobim as teria classificado de “incapazes”, o que “pode caracterizar violência psicológica e moral”.
Diz a nota:
“Queremos expressar nosso repúdio pela violência de um ministro que sempre desfrutou de todo o respeito e consideração das bancadas femininas na Câmara e no Senado Federal e que, pelo ataque verbal desnecessário, poderá criar um clima conflituoso que em nada contribuirá para a construção da Democracia Brasileira”.
Segundo essas duas valentes, mulheres que exercem cargos públicos só poderiam ser criticadas por mulheres — ou se estaria diante de um ataque machista. Na mesma linha, só gays poderiam avaliar o trabalho de gays, ou seria manifestação de homofobia. Só negros poderiam contestar negros, ou então seria racismo. E assim por diante. É IMPORTANTE NOTAR QUE JOBIM, EM NENHUM MOMENTO, ASSOCIOU O EVENTUAL DEFEITO DAQUELAS DUAS FIGURAS PÚBLICAS À SUA CONDIÇÃO DE MULHER. Se o tivesse feito, aí, sim, seria preconceito.
É de uma notável estupidez! O mundo seria como quer as duas parlamentares petistas se mulheres fizessem propostas que só valessem para mulheres, gays para gays, negros para negros, homens para homens… Se bem que a cabeça dessa gente é ainda mais perturbada do que isso: as ditas minorias teriam o direito de atuar como juízes do que consideram “a maioria”, mas teriam de ser imunes à crítica em nome da democracia.
E essa afirmação, como fica?
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Por Reinaldo Azevedo
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