Por: Manoel Pastana*
Com base no que foi apurado pelo
Tribunal de Contas da União (TC nº 012.633/2005-8 e TC nº 014.276/2005-2) e no
Inquérito Civil Público nº 1.16.000.001672/2004-59, da Procuradoria da
República no Distrito Federal, que deu origem à ação de improbidade administrativa
recentemente ajuizada contra o ex-Presidente Lula, representei ao
Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, para que o ex-Presidente seja
responsabilizado criminalmente.
As apurações feitas pelo TCU e
pela Procuradoria da República no DF chegaram à conclusão de que o
ex-Presidente da República enviou mais de dez milhões de cartas a aposentados
do INSS, tendo como um dos objetivos favorecer o banco BMG. As cartas, com
timbre da Presidência da República e assinatura de Lula, faziam propaganda de
empréstimos consignados em folha de pagamento e favoreceram o banco BMG de tal
forma que, mesmo contando, na época, com apenas 10 agências, o pequeno banco
faturou mais de três bilhões de reais, superando a Caixa Econômica Federal que,
com suas duas mil agências bancárias, era o único banco habilitado a operar os
empréstimos consignados a aposentados, quando o BMG ingressou no mercado,
favorecido por um decreto e as cartas de propaganda, ambos assinados pelo
ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Com fundamento no que foi
apurado, a Procuradoria da República no DF ingressou com ação de improbidade
administrativa contra Lula, cujo processo corre na 13ª Vara Federal, Seção
Judiciária do Distrito Federal (processo nº 7807-08.2011.4.01.3400). O objetivo
dessa ação é responsabilizar civil e administrativamente o ex-Presidente. Na
representação que fiz, ressalto que, de acordo com a ação penal do mensalão,
que tramita no STF (Ação Penal 470), o banco BMG faria parte do esquema
criminoso, tendo sido beneficiado com empréstimos consignados a aposentados.
Esse banco, segundo a denúncia em curso no STF, teria feito empréstimos
fictícios ao PT.
As provas, que já estão nas mãos
do Procurador-Geral da República, mostram que, para favorecer o banco BMG, além
do envio das mais de dez milhões de cartas assinadas por Lula, houve produção
de atos normativos e atropelos a procedimentos administrativos, inclusive
perseguição a servidores, como a exoneração da Coordenadora-Geral de Benefícios
do INSS, que se recusou a publicar o convênio que, em tempo recorde, habilitou
junto ao INSS o referido banco, proporcionando-lhe faturar alto com os
empréstimos a aposentados. Ademais, o recente relatório da PF, divulgado na
imprensa, informa que o banco BMG fez empréstimos suspeitos não apenas ao PT,
mas também a três empresas que teriam envolvimento no esquema do mensalão.
A representação entrou no
gabinete do Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, no final de abril de
2011. O Procurador-Geral pode aditar a denúncia do mensalão para incluir Lula,
que praticou atos materiais, o que atrasará o processo, mas fornecerá elementos
probatórios fortes para se chegar a todos os envolvidos, pois, caso isso não
seja feito, somente os integrantes braçais da quadrilha do mensalão serão
condenados, uma vez que José Dirceu e outros tidos como líderes do esquema
criminoso não praticaram atos materiais.
Os fatos apurados, tanto pelo
Tribunal de Contas da União (TCU) como pela Procuradoria da República no DF,
são gravíssimos e, além da responsabilidade civil-administrativa, que ensejou a
ação de improbidade, é necessário apurar a responsabilidade criminal do
ex-Presidente, pois há fortes indícios de crimes de ação penal pública
incondicionada que obrigam o Procurador-Geral da República a agir. Embora Lula
não seja mais Presidente da República, a atribuição é do Procurador-Geral da
República (promotor natural do Presidente da República), porque os fatos estão
diretamente ligados ao processo criminal do mensalão, que está em curso no
Supremo Tribunal Federal, onde só o Procurador-Geral da República pode agir.
* Procurador da República do Rio
Grande do Sul
Nosso país é uma vergonha, beijo Lisette.
ResponderExcluirPois é, Lizete. Quando alguém quer melhorar, é boicotado.
ResponderExcluirE o Feijó estava certo...
beijos