Ana de Hollanda ganha
ajuda de custo, mesmo tendo imóvel na cidade; agenda inclui eventos fora de
Brasília nas sextas e segundas
Desde que assumiu o cargo, em
janeiro, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, recebe do governo diárias em
fins de semana sem compromissos oficiais no Rio, cidade onde tem imóvel
próprio. O Estado cruzou os dados do Portal da Transparência, que publica as
despesas do governo, com a agenda oficial divulgada no site do Ministério da
Cultura.
A análise das planilhas revela o
hábito da ministra de marcar compromissos oficiais fora de Brasília,
principalmente no Rio, às sextas e segundas-feiras, e receber a ajuda
financeira não só pelos dias de trabalho fora da capital federal como pelos
sábados e domingos não trabalhados.
Em quatro meses, Ana recebeu
cerca de R$ 35,5 mil por 65 diárias, sendo que a agenda não registra
compromisso oficial em, no mínimo, 16 desses dias. O custo em passagens aéreas
foi de R$ 17,3 mil. A ministra ficou em Brasília em no máximo 4 dos 17 fins de
semana desde a posse.
A ministra admitiu ao Estado ter
recebido diárias em fins de semana no Rio sem agenda oficial, mas alegou que
receber esse dinheiro sai mais barato para os cofres públicos que fazer nova
viagem de ida e volta para Brasília. A ministra costuma fazer essa rota na
sexta-feira à noite, marca algum compromisso e recebe a diária por todos os
dias. Foi o que ocorreu, por exemplo, em dois fins de semana em janeiro e
outros dois em abril.
A agenda oficial registra
embarque de Brasília para o Rio às 20h29 de 14 de janeiro, uma sexta-feira. Não
há registro de compromissos oficiais no sábado e domingo seguintes - as datas
são omitidas no site do ministério. Após uma segunda-feira de reuniões no Rio,
a ministra retornou a Brasília num voo das 9h42 da terça-feira, dia 18. Segundo
o Portal da Transparência, ela recebeu R$ 2.558,53 por 4,5 diárias - pela
estada de sexta a terça de manhã. A ministra admitiu à reportagem que pelo
menos R$ 871,50 se referem a períodos não trabalhados. O mesmo ocorreu no fim
de semana anterior, também em viagem ao Rio.
Reuniões. Há cerca de um mês, a
prática se repetiu. A agenda, divulgada no site do ministério, informa que Ana
embarcou para o Rio às 19h24 de 7 de abril, uma quinta-feira. No dia seguinte,
há relatos oficiais de compromissos na cidade. Não há atividades registradas no
fim de semana, entre os dias 9 e 10 - as datas nem são mencionadas. Na manhã da
segunda-feira, a ministra foi a São Paulo e, à noite, retornou a Brasília. Ana
ganhou R$ 2.558,53 por 4,5 diárias. Ela admitiu ter recebido diária de R$ 581
pelo domingo, não trabalhado, e disse que, no sábado, teve uma reunião não
inserida na agenda.
A ministra recebeu R$ 3.584,70
por 6,5 diárias de 15 a 21 de abril. O dia 15 era uma sexta-feira. A agenda
relata o embarque para o Rio às 11h12 para um evento às 17h. Não há menções a
trabalho no fim de semana. Ana admitiu que recebeu, no mínimo, uma diária de R$
581,50 em dia sem agenda. A ministra, de acordo com a agenda oficial, ficou no
Rio até quarta-feira, quando foi a Ouro Preto participar de evento na
quinta-feira, em homenagem ao Dia de Tiradentes.
Cartões. A diária dos ministros
foi regulamentada pelo Ministério do Planejamento em 2009, após o escândalo dos
cartões corporativos. Os créditos dos cartões eram usados de maneira abusiva
por servidores e autoridades, incluindo ministros. O governo decidiu estipular
o uso de diárias para hospedagem e alimentação. O valor vai de R$ 458 a R$ 581,
dependendo do destino.
PARA LEMBRAR
Pasta sempre foi objeto da cobiça do PT
Desde o início do governo Luiz
Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2003, o PT carrega um descontentamento com
a pasta da Cultura, área que está na gênese petista: artistas e intelectuais
participaram da fundação do partido em 1980 e gastaram cordas vocais, tinta e
papel em todas as campanhas de Lula.
Mas, uma vez no Planalto, Lula
nomeou ministro o cantor e compositor Gilberto Gil, filiado ao PV e que assumiu
o cargo propondo um "do-in antropológico".
"Maior do que a pasta"
por conta de seu prestígio, Gil ficou no cargo até meados de 2008, quando
confidenciou estar "sufocado como artista" e foi tocar, literalmente,
sua vida. Mas Juca Ferreira, também pelo PV, assumiu o posto no final. Com
Dilma, novamente as expectativas do PT se renovaram. Em vão. / ALBERTO BOMBIG
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