Por Rachel Glickhouse
RIO DE JANEIRO - "Cidade Maravilhosa" do Brasil será palco para cerca de 400.000 turistas durante a Copa do Mundo no próximo mês. E há uma coisa que os visitantes podem ser incapazes de evitar, seja ele em seu caminho para o aeroporto ou na praia: fezes humanas.
No Rio, apenas cerca de 40 por cento do esgoto é tratado, e o restante acaba nos rios da cidade, lagoas, praias, e da baía. Além disso, entre 80 e 100 toneladas de lixo acabam na pitoresca Baía de Guanabara, a cada dia.
O governo pretende limpar a baía antes dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016, principalmente por causa dos eventos aquáticos envolvidos. Mas os cariocas, moradores do Rio, têm visto que os mesmos problemas persistem há décadas.
'Real latrina'
Esgoto bruto tem um impacto sobre o meio ambiente municipal. Mario Moscatelli, biólogo que tem vindo a acompanhar cursos de água do Rio de Janeiro ao longo de décadas, chama a baía uma "latrina real." Ao longo dos últimos 20 anos, foram gastos bem mais de um bilhão de dólares limpar Guanabara, mas a degradação ambiental piorou, Moscatelli diz.
Ele já viu de tudo na água a partir de sofás flutuantes, peixes deformados, e uma tartaruga marinha morta boiando em um pneu. "Nem nos meus piores pesadelos eu teria imaginado que as autoridades brasileiras teriam feito isso com o meio ambiente", lamenta
(...)
O líder comunitário José Martins de Oliveira viveu na Rocinha, a maior favela da América Latina, durante quase meio século. Ele está em uma missão para obter para a favela um sistema de saneamento de verdade, moderno. Agora, grande parte da comunidade depende de esgotos a céu aberto que correm pelas ruas e entre as casas.
Ele espera que quem ganha a eleição presidencial de outubro vai investir em saneamento, em vez de uma proposta de US $ 723-milhões de teleférico. Isso seria muito mais rentável, diz ele, uma vez que reduziria as taxas de cuidados de saúde e não exigiria a quase US $ 1 milhões necessários anualmente para pagamentos de manutenção do carro de cabo.
Mas, dadas as trancos e barrancos de muitos projetos financiados pelo governo na favela, Martins explica que ele está focado no longo prazo. "Nossa luta é para nossos filhos e netos", disse ele.
Perigos para a saúde
Os problemas de saúde decorrentes da exposição à matéria fecal pode acontecer a qualquer um, especialmente na praia. A hepatite A é uma doença comum no Rio, muitas vezes transmitida através da exposição de esgoto, explicou o Dr. Daniel Becker, pediatra e fundador da organização sem fins lucrativos Centro de Promoção da Saúde no Rio do Janeiro. Esgoto bruto também pode causar diarreia, doenças microbianas, e parasitas, entre outros problemas. "No Rio, se você estiver indo para a praia, você vai para o esgoto", disse ele.
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Nas favelas do Rio, o esgoto bruto é uma parte da vida, como na foto aqui no famoso "Cidade de Deus" favela.
(Eliseu Cavalcante) |
Na Rocinha, a maior favela da América Latina, grande parte da comunidade vive entre
esgotos a céu aberto, como o mostrado aqui. O esgoto faz parte da vida diária.
(Eliseu Cavalcante)
A "língua negra" de esgoto flui para fora em Praia de São Conrado.
É um bairro de classe alta, mas a contaminação das fezes torna a água imprópria para o banho.
(Eliseu Cavalcante)
A lagoa contaminada na Barra do Rio tem cores diferentes devido a sedimentos,
os fluxos de esgoto, e as cianobactérias resultante - alguns dos quais são tóxicos.
(Eliseu Cavalcante)
"Há duas batalhas ambientais no Rio", diz Moscatelli. "A primeira batalha é para assegurar que as autoridades façam o que prometeram fazer.
A segunda, é a de exigir que os progressos conquistados não sejam interrompidos e os serviços abandonados. "
Leia a matéria completa e veja mais fotos em:
http://www.globalpost.com/dispatch/news/regions/americas/brazil/140513/rio-world-cup-sewage-sanitation
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