Leia trechos de entrevista concedida à Folha.
F - O que aconteceu? Sei lá, é uma brincadeira de mau gosto. F - Mas o senhor assinou o documento? Assinei e retirei o documento, mas não assinei como quem pediu o documento.
F - O senhor está dizendo que a assinatura não é sua?
Da retirada é. Mas não a de quem solicitou.
F - Mas o senhor não foi procurador da Verônica Serra?
Na verdade, não sei se é ou não. Como trabalho para advogados e etc e tal, os motoboys vêm e me entregam… Pediu eu estou tirando. Se o senhor pedir de quem quiser eu tiro. Se o senhor quiser a do senhor… Assinou, mandou para mim eu tiro. E a Receita tem que entregar. A Receita não é nem culpada, coitada. Não estou defendendo, mas a funcionária pega uma solicitação ela tem que cumprir o ato administrativo. Não estou defendendo ninguém, nem conheço a pessoa.
F - Quem pediu a da Verônica Serra?
Um cliente que pediu. Não sei quem é, algum advogado do Brasil.
F - Mas o senhor não lembra quem entregou o papel para o senhor?
Não lembro. Tenho 42 anos de profissão, tenho clientes de todos os lados, não vou lembrar um caso, o cafezinho que tomei lá atrás, mesmo porque faço de 15 a 20 por dia.
F - Qual é a sua profissão?
Contador, com direito a atuar justamente na área.[para para pedir uma água tônica]
F - Como é o seu trabalho?
O advogado me manda a procuração, eu vou lá e retiro o documento. Sou um office boy de luxo.
F - Quantas solicitações o senhor faz por dia?
Naquela época, que não tinha certificação digital, fazíamos de dez a 12 por dia. Agora caiu porque todo mundo faz, tem senha eletrônica.
F - Para que as pessoas pediam?
Para uso de interesse próprio.
F - O senhor mora em Mauá? Não.
F - O senhor tem ligação com algum partido?
Não, tenho nojo de política. Mas eu voto no Serra viu? Sou eleitor dele desde que ele nasceu.
F - É filiado a algum partido?
Não. Mas agora vou querer ser vereador [risos]
F - Já tem partido?
Uma legenda boa para se eleger. Estou vendo que o negócio é bom…
F - O seu nome aparece envolvido no caso do sigilo… Vou tirar proveito. Lembra-se do caso do ‘veado’ costureiro que roubou o cemitério e saiu para deputado federal? Acho que não sou dessa qualidade, mas posso.
F - O senhor responde a processos, em Rondônia, por exemplo.
Por que? Conhece algum? Sou advogado, me apresente.
F - No Tribunal de Justiça de Rondônia há quatro, dois em sigilo de Justiça.
Maravilha! Mas não sou obrigado a te responder. Sou advogado.
F - O senhor é filiado à OAB de São Paulo?
Não, não sou da banda podre. ( meu grifo)
F - Por que o senhor teve cinco CPFs?
Tinha, mas pedi para o delegado da Receita suspender com uma carta de próprio punho e ele deferiu. Já vi que o senhor não é da área, é desinformado.
F - Mas por que o senhor teve tantos CPFs?
Por um direito de qualquer cidadão, é a própria Receita. Onde se tira um CPF? Por que tenho dois? Quem me forneceu, foi o senhor?
F - O senhor conhece funcionários da Receita?
Conheço todo mundo, inclusive o Mantega, que tem sítio vizinho do meu em São Roque.
F - O senhor já falou com o ministro? Não, não tive o desprazer ainda porque não gosto de política.
F - O senhor conhece o pessoal que trabalha na agência da Receita em Mauá?
Conheço no Brasil inteiro. Trabalho na área, pela força de trabalho seria difícil dizer que não conheço nenhuma pessoa que está na mídia, que é notável no momento. Agora é o meu momento de glória, igual foi com a menina da Uniban [Geyse Arruda].
F - Repetindo, o senhor conhece os funcionários de Mauá?
Posso dizer que conheço até o porteiro.
F - O senhor conhece as senhoras Antonia Aparecida dos Santos e Addeilda dos Santos?
Não conheço ninguém pessoalmente.
F - Mas já ouviu falar delas? Já, quem é que não sabe. Quem mora em Santo André conhece funcionários do banco, da rua tal…
F - E como é o seu trabalho na Receita?
Protocolava, voltava para buscar, assinava a retirada e cumpria meu ato administrativo levando a quem pediu. F - A senhora Verônica diz que a assinatura dela é falsa.
Não é a filha do Serra que fiquei sabendo hoje? Nem sabia que ela tinha filha. Voto nele desde pequenininho. F - O senhor foi procurador deste documento?
Não. Eu retirei esse documento, solicitação de retirada deste documento.
F - Então quem pediu para o senhor retirá-lo? O senhor sabe?
Eu não sei quem foi o cidadão… Como eu não sei dos processos que você fala em Rondônia.
F - Estão no nome do senhor.
Para quem teve uma fazenda de 900 hectares com certeza tenho uns 40 processos contra alguém e uns quatro se defenderam contra mim. Tive fazendas lá. Não passei lá de avião em aeroporto. Tenho vida pregressa de trabalho, estou acima do bem e do mal.
F - O senhor foi servidor?
Não tive o privilégio de ser um vagabundo a mais.
F - O senhor confirma conhece algum político?
Já disse que tenho nojo de político. Só gosto do Serra, sou apaixonado pelo debate dele. Aliás, acho que Brasília não é o lugar dele, ele tem que ficar aqui, nasci aqui, sou paulista então quero que ele nunca saia daqui.
F - Quais são os escritórios para quem o senhor trabalha?
Diversos, trabalho aqui, no exterior, em todo lugar… onde sou chamado e bem pago.
F - No exterior? Também. Se solicitar vou agora, só depende do honorário. Tem várias empresas brasileiras na África, em Luanda… Minha bateria está acabando, minha bateria está acabando.
Vem bala (de prata) por aí
setembro 2nd, 2010 | Autor: Daniel Bezerra editor geral Eduardo Guimarães
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Você poderá deixar aqui sua opinião. Após moderação, será publicada.