“É livre a manifestação do pensamento e da expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, sendo vedado o anonimato. (CF 88).”

22 de dez. de 2010

A festa desavergonhada


O governador do Rio, Sérgio Cabral, organizou ontem na Praça da Apoteose, a festa  ”Obrigado, presidente Lula: o povo do Rio agradece”, que contou, é evidente, com a presença do homenageado, em mais um dos espetáculos psicanalíticos da chamada Síndrome da Inveja do Próprio Pênis. Lula discursou.

“Se juntar todos os presidentes da história deste País, duvido que tenham subido 10% dos morros que nós subimos nos últimos quatro anos”.

Foi a parte amena da festa desavergonhada. Todo o resto muito pior.
Lula, que está no palanque desde a fundação do PT,  aproveitou para fazer campanha eleitoral antecipada, desta feita para a Prefeitura do Rio. E já prometeu se esforçar para reeleger Eduardo Paes. E o fez no seu estilo, negando que estivesse fazendo o que estava fazendo:

“Daqui a dois anos, tem eleição. Eu não posso falar, mas vou estar aqui para manter essa dupla coordenando o Rio. Para não permitir que venha outra pessoa atrapalhar o nosso projeto”.

Em nenhum país do mundo democrático um presidente da República se refere a oposicionistas, que disputam eleições segundo as regras do jogo e legitimam os governos, como “aqueles que atrapalham”. Mas ele pode porque tudo lhe convém e tudo lhe é permitido. Politicamente, este senhor é uma monstruosidade ética.
Mais uma vez, Lula se referiu ao mensalão como se fosse uma conspiração. E contou quem eram os seus interlocutores de confiança:

“Lembro que fui a uma reunião e disse ao presidente [José] Sarney e ao Renan [Calheiros]: ‘digam a eles que querem me derrubar, que eu não vou fazer que nem o Getúlio [Vargas], não vou me matar. Não vou fazer como João Goulart, não vou renunciar. Eles vão ter que me derrotar nas ruas desse país, nos bairros desse país, nas favelas desse país. Vocês viram o que aconteceu comigo em 2005. A história vai julgar se tudo o que aconteceu foi verdade ou inventado.”

O “eles” de seu discurso era a imprensa, que voltou a apanhar no palanque:

“Quando a gente lê determinados jornais fica pensando que eles não estão falando do Brasil. Porque tem gente que não tira a bunda de uma cadeira, de uma sala com ar refrigerado e fica julgando as coisas que acontecem nesse país sem saber.”

Lula acha que uma bunda muito agitada é sinal de pensamento inquieto e percuciência. A gente começa a entender melhor a composição do atual ministério e também do próximo.
A festa estava, enfim, à altura do anfitrião, Sérgio Cabral, que fez as vezes de apresentador do evento. É aquele rapaz que pretende erradicar o crime do Brasil legalizando-o. Já defendeu a descriminação das drogas, do aborto e do jogo e considera hipócritas e insinceros os que não concordam com ele.
Lula e Cabral num mesmo ambiente dá em quê? Cometeram o primeiro crime eleitoral de 2012!
Por Reinaldo Azevedo

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