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Por Olavo de Carvalho
A exploração estatal do erotismo
é característica inconfundível dos regimes totalitários e revolucionários.
Por que devemos consentir em
continuar chamando de “Sua Excelência, o Senhor Ministro da Educação” um
semianalfabeto que não sabe sequer soletrar a palavra “cabeçalho”? Por que
devemos continuar adornando com o título de “Sua Excelência, o Senhor Ministro
da Defesa” um civil bocó que se fantasia de general sem nem saber que com isso
comete ilegalidade? Por que devemos honrar sob a denominação de “Sua
Excelência, o Senhor Ministro da Cultura” um pateta sem cultura nenhuma? Por
que devemos curvar-nos ante a magnificência presidencial de um pervertido que
se gaba de ter tentado estuprar um companheiro de cela e diz sentir nostalgia
do tempo em que os meninos do Nordeste tinham - se é que tinham - relações
sexuais com cabritas e jumentas?
Essas criaturas, é certo, têm o
direito legal a formas de tratamento que as elevam acima do comum dos mortais,
mas até quando nossos nervos suportarão o exercício supremamente antinatural e
doentio de fingir respeito a pessoas que não merecem respeito nenhum, que só
emporcalham com suas presenças grotescas os cargos que ocupam? Respeito, afinal
de contas, é noção hierárquica: sem o senso da distinção entre o melhor e o
pior, o alto e o baixo, o excelso e o vulgar, não há respeito possível.
Nietzsche já observava: Quem não
sabe desprezar não sabe respeitar. Se um sujeito que só merece desprezo aparece
envergando um uniforme, ostentando um título, exibindo um crachá que o diz
merecedor de respeito, estamos obviamente sofrendo uma agressão psicológica, um
ataque de estimulação contraditória, ou dissonância cognitiva, que esfrangalha
o cérebro mais vigoroso e reduz ao estado de cãezinhos de Pavlov as mentes mais
lúcidas e equilibradas.
Um povo submetido a esse regime
perde todo senso de gradação valorativa, todo discernimento moral. Prolongado o
tratamento para além de um certo ponto, a sociedade entra num estado de
desmoralização completa, de apatia, de indiferentismo, onde só os mais cínicos
e desavergonhados podem sobreviver e prosperar.
Mas não é só nas pessoas que o
encarnam que o presente governo é uma usina de estimulações desmoralizantes.
Impondo a sodomia como o mais sacrossanto e incriticável dos atos, as invasões
de terras como modalidade superior de justiça fundiária, o abortismo como dever
de caridade cristã, a distribuição de pornografia às crianças como alta
obrigação pedagógica, Suas Excrescências estão fazendo o que podem para
sufocar, na alma do povo brasileiro, toda capacidade de distinguir entre o bem
e o mal e até a vontade de perceber essa distinção.
Nunca, na história de país
nenhum, se viu uma degradação moral tão rápida, tão geral e avassaladora. Os
crimes mais hediondos, as traições mais flagrantes, os escândalos mais
intoleráveis são aceitos por toda parte não só com indiferença, mas com um
risinho de cumplicidade cínica que, nesse ambiente, vale como prova de realismo
e maturidade.
Em cima de tudo, posam as
personalidades mais feias e disformes, ante as quais mesmo homens sem
interesses obscuros em jogo se sentem obrigados a debulhar-se em louvores e
rapapés.
Num panorama tão abjeto,
destacam-se quase como um ato de heroísmo as manifestações de desrespeito
ostensivo com que os estudantes da Universidade de Brasília saudaram, na
inauguração do “beijódromo”, o presidente da República, seu ministro da
Incultura e o reitor José Geraldo Souza Júnior.
Que é um “beijódromo”, afinal?
Idéia suína concebida na década de 60 por Darci Ribeiro, um dos intelectuais
mais festeiros e irresponsáveis que já nasceram neste País, então deslumbrado
com a doutrina marcusiana da gandaia geral como arma da revolução comunista, o
“beijódromo” é um estímulo à transformação da universidade em espaço
lúdico-erótico onde um governo de vigaristas possa obter ganhos publicitários
explorando calhordamente os instintos lúbricos da população estudantil, assim
desviada dos deveres mais óbvios que tem para consigo mesma e para com o País.
Meu caro amigo Reinaldo Azevedo
assim resumiu o caso: “Um estado totalitário reprime o tesão. Um estado
demagogo o estatiza.” Peço vênia para discordar. Excetuados os países
islâmicos, só alguns regimes autoritários, de natureza transitória, ousaram
impor a repressão sexual.
A exploração estatal do erotismo
é característica inconfundível dos regimes totalitários e revolucionários. Quem
tenha dúvida fará bem em percorrer as 650 páginas do estudo magistral de E.
Michael Jones, Libido Dominandi: Sexual Liberation and Political Control (St.
Augustine’s Press, 2000). O “beijódromo” é a cristalização mais patente de um
totalitarismo em gestação.
Os gritos e insultos com que Lula
foi recebido por estudantes que querem algo mais que pão, circo e orgasmo
refletem um fundo de sanidade que ainda resta na alma popular: nem todos os
cérebros, neste País, estão perfeitamente adestrados na arte de bajular o que
não presta.
Esse protesto impremeditado,
espontâneo, sem cor ideológica definida, traz a todos os brasileiros a mais
urgente das mensagens: no estado de degradação pomposa a que chegamos, só uma
vigorosa falta de respeito pode nos salvar.
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